O Sindicato dos Servidores Públicos de Estância e Arauá (Sindseme) tem acompanhado a evolução dos debates em torno da obra da adutora do Rio Piauitinga, promovida pela Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso), e vem a público se posicionar contra as pretensões da companhia, bem como do Governo de Sergipe.
A obra, cujo valor investido ultrapassa a marca dos R$ 83 milhões, é tratada com preocupação pelos estancianos por envolver um rio de extrema importância ambiental que margeia o município de Estância e adjacências. Sua implantação tem sido executada sem debates e sem a participação de instituições fiscalizadoras, a exemplo do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí.
O receio gira em torno de que o rio não suportará a demanda provocada pela adutora, haja vista que atualmente possui condições precárias e que se agravam, principalmente, no período do verão, com o avanço da estiagem na região Centro Sul. Tais fatores se revelam desanimadores no atual cenário em que a água se torna um bem cada vez mais escasso e necessário para a sobrevivência da população, principalmente com a disseminação do coronavírus e a exigência das medidas sanitárias de controle do vírus.
Em tempo, o Sindicato dos Servidores Públicos de Estância e Arauá analisa com preocupação a falta de movimentação do Poder Público de Estância, representado pelo prefeito Gilson Andrade (PSD). Aliado de última hora do governador do Estado de Sergipe, Gilson tem feito vista grossa para a situação e sua gestão vem abordando o tema de forma superficial, sem ações concretas para o impedimento da obra, contrariando completamente os interesses da população estanciana, que tem no líder político uma expectativa de atuação em defesa do rio.
A narrativa de que o tema não é tratado com a relevância necessária pela Prefeitura Municipal de Estância ganhou conotação ainda maior na manhã desta quarta-feira, 27, quando o diretor-presidente da Deso, Carlos Melo, deu a sua versão dos fatos e revelou que a gestão de Estância possuía conhecimento da obra, tendo inclusive recebido técnicos da companhia durante uma visita ao local de instalação da adutora.
Sindseme acredita que obras desta magnitude jamais deveriam receber ordens de serviço sem o mínimo de debate com a população que convive e sobrevive do rio e, de forma que se manifesta contrário à implantação da Adutora do Piautinga, cobrando da Deso e do Governo de Sergipe transparência acerca dos estudos que culminaram na liberação da obra.
O governador Belivaldo Chagas e a cúpula de comando da Deso precisam sair dos gabinetes de clima refrigerado para enfrentar a realidade da população executando o mínimo de diálogo necessário para uma gestão que combata as desigualdades e que pense no bem-estar daqueles que mais sofrem com a falta de políticas públicas.
Diretoria do Sindseme
Estância, 29 de maio de 2020.