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23 de maio de 2025 às 02:38:04

UFS Estância: 1 mês no cargo, novo reitor mudou destino da SEDE.

Pedido dos vereadores.


UFS Estância: 1 mês no cargo, novo reitor mudou destino da SEDE.

No dia 29 de abril de 2025, menos de um mês após assumir a reitoria da Universidade Federal de Sergipe (UFS), o novo reitor, André Maurício, anunciou publicamente que a sede do futuro campus da universidade em Estância seria realocada para o bairro Alecrim. A decisão foi comunicada em sessão da Câmara Municipal, em resposta direta a um requerimento assinado por vereadores da cidade, que segundo o reitor havia recebido no dia 14 de abril de 2025.

A mudança surpreendeu a comunidade, pois contraria o planejamento da gestão anterior, que havia realizado um edital público com critérios técnicos específicos, resultando na escolha de outro terreno — maior, mais bem pontuado e considerado mais viável para abrigar o novo campus regional (saiba mais https://factual1.com.br/Noticia/Details/2757).


Durante a sessão, o novo reitor declarou:

“Recebemos em 14 de abril de 2025 uma demanda daqui da Câmara de Vereadores. A gente entende que a Câmara de Vereadores é a voz da população. A gestão anterior determinou que o campus fosse no caminho lá de estancinha, e aqui seria só um polo de inovação. Nós, em função do trabalho e dos pedidos de vocês, fizemos a mudança. Então, a sede do campus vai ser aqui, aqui no Alecrim. Isso já é uma determinação da nossa gestão.” (Link do vídeo completo aqui)

Em outro momento:

“Já vou mostrar aqui que a gente está trabalhando há apenas um mês na reitoria.”

O que o novo reitor chama de “determinação da gestão anterior” foi, na verdade, resultado de um processo formal, com edital publicado em 20 de dezembro de 2024, promovido pela própria UFS e pelo Governo Federal. O edital previa a doação de terrenos por parte de interessados e apresentava 12 critérios técnicos objetivos, incluindo área mínima recomendada, possibilidade de expansão, acessibilidade e viabilidade ambiental. Como já falamos em outra matéria (Clique aqui)

Em resumo foram três propostas:

01 - Companhia Industrial da Estância (CIESA) – terreno de 12 hectares, representada pelo ex-prefeito Ivan Leite;

02 - André Graça, atual prefeito – terreno de apenas 3 hectares;

03 - Paulo Brandão, empresário – terreno de 15 hectares, desclassificado por não atender critérios eliminatórios.

Segundo o RELATÓRIO TÉCNICO da Diretoria de Obras e Projetos Físicos da UFS (DOFIS), o terreno da CIESA foi o único que atendeu todos os critérios de viabilidade e expansão, e alcançou a maior pontuação. O parecer do DOFIS estava alinhado a um ofício anterior enviado pelo reitor da época, Rosalvo Ferreira Santos para o secretário de Educação Superior do MEC, Alexandre Brasil, em 03/07/2024.

Foto 01: parte do ofício 261 de 03/07/2024

Como se ver na foto acima, o ex-reitor descreve:

“A escolha do terreno ideal deve considerar uma série de características que garantam a viabilidade econômica e funcional do projeto. A universidade não é um colégio; sua dinâmica de crescimento se desenvolve ao longo dos anos, portanto, é necessário prever ÁREAS PARA EXPANSÃO.”


Retornando a fala do novo reitor, ele outro momento da sessão do vereadores, ele argumentou que a decisão de determinar que a sede fosse no Alecrim é devido as novas dinâmicas sociais:

“Quando a gente pensa em uma perspectiva de um campus, a gente tem que olhar os diversos problemas. A gente fez uma visita no campus de Nossa Senhora da Glória, é um campus com uma área absolutamente imensa. Dezenas de hectares, mas fica a 10km de uma estrada de chão, de uma cidade mais próxima. Não tem sentido fazermos isso, eu não via sentido. Para mim foi muito bem recebido esse feedback de vocês, vereadores no sentido de entender, que hoje a universidade é de diferente de 20, 30 anos atrás. Hoje a universidade, ela é da classe trabalhadora, ela não é mais só do filho do rico. Então, não faz sentido eu colocar uma universidade a 10 km de um centro de uma cidade porque não tem como ir o trabalhador, o filho do trabalhador. Então, nesse sentido a gente tem que entender que o lugar do campus tem que ser no local mais acessível para todos.”

A fala do novo reitor representa, na prática, uma inversão da escolha previamente estabelecida por edital e parecer técnico elaborados pela gestão anterior em estreito alinhamento com o Governo Federal.

Partindo do documento, oficio 261/2024, enviado pelo antigo reitor, que foi em 03/07/2024, até o último despacho emitido pelo departamento DOFIS, em 24/01/2025, o processo durou   7 meses, enquanto em menos de um mês de gestão o novo reitor, em sua fala, disse que a sua gestão que determinou.

Foto 02: timeline

A Universidade Federal de Sergipe vive, neste momento, uma contradição institucional rara: dois reitores, duas decisões e um campus cuja sede

ainda está em disputa — não tecnicamente, mas parece que politicamente e enquanto isso, a comunidade acadêmica e regional aguarda uma definição clara e transparente. O risco é de que o futuro de um investimento de R$ 60 milhões do Governo Federal acabe comprometido por decisões que podem ser consideradas apressadas.


Nota da redação

Antes da publicação desta matéria, nossa equipe enviou solicitação ao gabinete da Reitoria da UFS para esclarecimentos sobre o novo processo decisório. Até o momento do fechamento desta reportagem, não houve retorno oficial.


Redação Factual 1


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