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17 de junho de 2025 às 22:24:22

Após 207 dias, só agora vereadores debatem sobre o IPTU (Estância)

Demora e reação tardia


Após 207 dias, só agora vereadores debatem sobre o IPTU (Estância)
Desde a publicação do Decreto nº 8.813, em 22 de novembro de 2024 — quando a gestão era do prefeito Gilson Andrade e o vice-prefeito era André Graça, atual gestor —, já se passaram 207 dias sem que o tema ganhasse destaque na tribuna da Câmara de Vereadores de Estância. Uma análise feita pela equipe do Factual mostra que, entre a data do decreto e o dia 16/06/2025, foram realizadas 12 sessões ordinárias em 2024 e mais 35 sessões ordinárias em 2025, totalizando 47 oportunidades em que os vereadores — inclusive aqueles que já estavam na legislatura anterior e continuam no cargo — poderiam ter proposto recomendações ou até mesmo projetos de lei para evitar a cobrança do IPTU em bairros como Valter Cardoso Costa e Cidade Nova. Somente agora, no dia 17/06/2025, após a reportagem publicada no Factual1 e repercutida no programa Microfonia é que alguns vereadores decidiram tratar o tema com a ênfase que o interesse público exige.

O vereador Isaías de Jesus (PSOL), que já fazia parte da legislatura em 2024, finalmente se pronunciou — 207 dias depois. Em sua fala, sugeriu que o prefeito André Graça enviasse à Câmara um projeto de lei isentando do IPTU moradores de ruas não pavimentadas. Já o vereador Sandro do Bibi (PSD) demonstrou menos preocupação e respondeu à sugestão de Isaías com cautela:

“Não podemos abrir brecha... abre brecha para toda a cidade”, afirmou.

Em seguida, comentou:

“... precisa resolver, mas não é da noite para o dia”, sugerindo que a prefeitura crie um novo período para solicitação de isenção.

A fala causou estranheza, considerando que já se passaram 207 dias desde o decreto, e Sandro, que esteve o tempo todo no exercício do mandato, não apresentou nenhuma proposta, projeto ou contraponto. Manteve-se em silêncio — e só agora, pressionado pela repercussão pública, manifestou-se pedindo “calma”.

O vereador Henrique CDs (União), que teve votação expressiva no bairro Valter Cardoso, também não aprofundou o debate. Limitou-se a repetir a proposta já feita por Isaías, sem apresentar nenhum estudo próprio ou sugestão concreta de seu mandato.

Outros vereadores também mencionaram o IPTU de forma superficial na sessão de 17 de junho, sem apresentar propostas ou aprofundamento. São eles: Artur do PT (PT), Carlos Blinoffi (União), Ninho de Bado (PP), Elenilton (PSD) e Lucicleide de Júlio Camelô (Cidadania).

As falas não evoluíram para requerimentos ou qualquer encaminhamento prático, mantendo o debate em nível genérico e sem efetividade.

A vereadora Marta Monteiro (PSD), que foi secretária municipal na gestão anterior, também optou por ignorar o tema. Mesmo tendo atuado no governo que publicou o decreto do IPTU, não fez nenhuma menção ao assunto ao subir na tribuna. Desde a primeira sessão de 2025, em 04 de fevereiro, já se passaram 133 dias sem que a vereadora tenha mencionado o tema, nem sugerido qualquer medida para amenizar o impacto financeiro nas regiões mais carente

A vereadora Larissa, em seu primeiro mandato, também não se manifestou sobre o IPTU na sessão. Mesmo diante da repercussão da reportagem e da pressão popular, nada disse, nem propôs qualquer ação para ajudar as famílias atingidas pela cobrança.

Outros vereadores que ignoraram totalmente o tema na sessão foram: Flávio Brasil (PSD), Kaique Freire (PSD) - atual presidente da Câmara - e Pedro Marcelo. O vereador Zá da Paz (PSD) não estava presente na sessão.

Enquanto isso, nas redes sociais, os estancianos têm demonstrado indignação. Em uma publicação do Factual1 com o título “IPTU Estância: classe média alta teve desconto e mais pobre, aumento”, um internauta comentou:

“Espero que com a cobrança na Cidade Nova, inclusive em locais que não têm saneamento básico nenhum, comecem a trabalhar a favor.”


O episódio evidencia uma falha coletiva de atuação política, seja pela omissão de parlamentares que já estavam no cargo durante a aprovação do decreto, seja pela falta de protagonismo de novos vereadores. A cobrança do IPTU chegou cedo. O debate político, tarde demais.


Redação Factual1

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