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REPORTAGEM ESPECIAL: A educação de Estância está morta.

Redação Factual1


REPORTAGEM ESPECIAL: A educação de Estância está morta.

O Factual1 publica nesta terça-feira, 11 de agora, a primeira reportagem especial da série “Filhos de Estância”, e na ocasião, entrevista o professor estanciano Reginaldo Santana.  

Reginaldo Santana, ou Regi Matrix, como é conhecido, é CEO e Founder da Margi Education, a escola de Inovação e Educação, responsável somente nos nos últimos 5 meses, pela formação de mais de 80.000 (oitenta mil) professores de todo o Brasil em tecnologias educacionais e expert em potencializar talentos. 

Vamos para nossa Entrevista:

F1: Reginaldo, vamos logo ao que interessa, o que você acha nesse momento da educação de Estância (municipal)? 

RS: Desejaria muito não ter que falar isso, mas o ensino de Estância está morto e morto há bastante tempo. A pandemia só veio reforçar o que todos já sabíamos, que não tivemos e não temos gestores focados em desenvolver a educação na cidade. Não existe comprometimento.

F1: O senhor poderia especificar o sentido de morto nesse contexto?

RS: A maioria dos professores e escolas de todo o Brasil estão buscando ativamente ajudar os seus alunos de forma remota. Existe uma preocupação muito grande e de alguma forma manter um pouco de continuidade do aprendizado e principalmente pela questão psicológica.

Conhecemos nesses últimos 5 meses, vários relatos de cidades e estados que estão de alguma forma tentando ao máximo manter o aluno com o vínculo com a escola.  Capacitação de professores, entrega de equipamentos para alunos e construção de novas estratégias de ensino.

Quando você olha para Estância, o que temos hoje? Os professores estão recebendo formação tecnológica? Os alunos estão tendo algum apoio educacional? Existe algum projeto de inovação educacional? Não. Não temos nada. Como filho de Estância, a única palavra que resumo isso é que essa inércia é “criminosa”. Tristeza e vergonha.

F1: Essa inércia é devido a pandemia ou já vem de outros gestores?

RS: Veja, Estância é uma cidade com potencial maravilhoso. Pessoas criativas, pessoas honestas e trabalhadoras.

Agora, nós temos umas cinco décadas com nossa educação estacionada. Não há movimentos claros de inovar a educação no município. Os mesmos grupos, as mesmas pessoas ocupam os espaços e com isso não há crescimento e quem perde é a população, nossos filhos. A única coisa séria que se discute em Estância é a questão salarial dos professores, que é importante. Quando temos problemas de salário existe um movimento importante dessa classe. Isso porque tem um sindicato competente (Sintese).

Agora não podemos limitar educação a questão salarial, ou a merenda escolar somente. Chega ser um absurdo quando você pergunta a alguém da gestão como está a educação do município e ela responde: “a merenda escolar está ok”.  Veja, que nível de mediocridade chegamos. Se temos merenda a educação está ok, senão está tudo ruim. Será que não podemos mais? Será que as crianças não merecem um ensino de qualidade? Isso é uma coisa, que precisa ser resolvida em pequeno prazo. Fico muito triste por isso. 

F1: De quem seria a culpa dessa educação morta?

RS: Culpar alguém é muito complicado. Todos temos nossos defeitos.  Vejo isso como um problema sistemático que Estância vem passando há anos. Isso fruto de políticos com pensamentos “antigos” e em sua maioria sem compromisso nenhum com a educação. O que fazem é por obrigação legal.

F1: Teve algum gestor em Estância que fez um pouco a mais pela educação?

RS: Depende muito do ponto de vista. Se pensar em estratégias diversificadas em sala de aula, lembro que a gestão de Ivan Leite teve um pequeno início com a inclusão de atividades diversificadas, no entanto muito limitada e muito aquém do potencial que a gestão de Ivan Leite poderia fazer. Faltou pensamento criativo, faltou inovação. Espera-se muito mais para quem é reconhecido como empreendedor.

O ex-prefeito Carlos Magno não lembro de nenhuma tentativa clara de mudar a educação e sem esquecer no atraso salarial.

O atual prefeito Gilson Andrade enterra de vez a educação de Estância. Gilson é um “homem de pedra”. Não tem capacidade criativa para pensar algo diferente na educação e dificilmente terá no futuro.

     F1: O que Gilson Andrade poderia ter feito para melhorar o ensino?

RS: A primeira coisa que qualquer ser humano deve fazer ao acordar pela manhã é  uma autocrítica construtiva de tudo que fez no dia anterior. É olhar para seu próprio passado e dizer que ontem foi bom, mas hoje vou fazer muito mais e melhor. Essa capacidade de crescimento faltou e falta muito em Gilson Andrade.

F1: O fato de ele não ser de Estância atrapalha? 

RS: Não. Os problemas de Educação no estado de Sergipe são muito similares. O que falta é pensamento estratégico e em sua maioria vontade de fazer o melhor de fato para a educação da cidade.

F1: Os secretários teriam alguma responsabilidade?

RS: Os secretários obedecem a um gestor e nada se faz sem dinheiro. As vezes você tem uma boa ideia, mas é limitado por decisões “burras” de gestores e até devido a acordos políticos. No entanto, isso não isenta os secretários da inércia de não ter criado estratégias de investimento em formação inovadoras em seus professores. Formações com foco em resultado, não aquelas “faz de conta”.

F1: Os vereadores de Estância teriam alguma responsabilidade?

RS: Sem dúvida. Volto a repetir: “a inércia é criminosa”. Quando você sabe que tem problemas e deixa de agir, isso é um ato criminoso para as famílias estancianas. A educação já não ia bem e agora está pior e não sabe para onde vai. Cadê os vereadores?  Como sempre focados em mudar nomes de ruas.  Sinceramente se a população bem soube-se não elegia nenhum dos vereadores atuais, são uma vergonha em relação a criação de políticas para educação.

F1: Sendo mais específico, durante a pandemia como a escola poderia está mais próximo dos alunos?

RS: Vou ser bem prático amigos.  A primeira coisa é os gestores “tomarem vergonha na cara” e junto com sua equipe criar estratégias e fazer o conhecimento chegar até os alunos e aqui vou dar alguns exemplos: parceria com provedores de internet local para garantir uma internet mínima para os alunos, disponibilidade de tablets de custo baixo quinzenalmente para alunos. Fazendo rodízio para diminuir os custos de aquisição, incentivar e capacitar os professores com novas tecnologias educacionais.

Várias cidades do país fizeram e estão fazendo.  O único motivo de Estância ficar para traz é a incapacidade de gestão. 

F1: Em relação aos professores, você acredita que são contra o ensino remoto?

RS: Sinceramente, se isso realmente existir seria um absurdo. O espaço de aprendizagem nunca foi e nunca será limitado a paredes. Quem pensa assim, deve esta em outra década, ou em outro mundo.  Se você ama sua profissão, você fará de tudo para educar seus filhos. Os alunos do município são também nossos filhos, logo um esforço mínimo de manter um mínimo de contato já seria um grande passo.

Se essa premissa fosse verdadeira, os filhos dos professores da rede municipal que estudam em escolas particulares estariam parados e não estão. Fica muito estranho você ser contra ensino remoto no município e seu filho tem aula remota na escola particular.

Se isso existir deve ser uma pequena e pequena minoria, que nem deveria mais está em aula.

F1: Reginaldo, mas para isso existir todos os alunos teriam que ter computador e internet?

RS: Primeiro, você precisa resolver a situação “macro”. Não é porque um aluno (específico) não tem internet que você para a educação. Primeiro resolve o macro e com responsabilidade, aí você vai pontuando os problemas específicos. O que não pode é ficar parado.

F1: Indo um pouco para as eleições teria algum candidato que faria um bom trabalho na educação?

RS: Dos atuais, não vejo nenhum nome. O gestor atual já falamos bastante, Gilson é um homem com pensamento restrito em relação a isso: “homem pedra”. O outro nome que vejo bem forte a disputar a cadeira municipal é Márcio Souza, no entanto não vejo uma opinião clara, um projeto claro para população sobre educação.  A única coisa clara é o grupo de Carlos Magno que esta apoiando e isso não representa nenhum ganho na educação.  A única lembrança que Carlos Magno traz para Márcio Souza é o atraso salarial. 

Já sobre o PT, infelizmente suas brigas internas provocou um afastamento social. O PT era responsável pela cultura na gestão de Carlos Magno e não tivemos grandes ganhos. O PT pode ter até uma boa vontade, mas a vontade por si só não garante nenhum resultado. Falta pensamento criativo e responsabilidade com foco em resultado.

Tudo indica que perderemos mais umas duas décadas com estratégias educacionais atrofiadas e com investimentos medíocres na educação.

F1: Para encerrar nossa entrevista, qual seria uma última mensagem que você queria deixar para os estancianos?  

RS: Quero deixar esse recado diretamente para as famílias. Dizer, que a única forma de seu filho ter sucesso, conquista o mundo é por meio da educação. Infelizmente, vocês foram prejudicados e estão sendo prejudicados pela incapacidade dessa geração de políticos. Infelizmente isso ainda vai durar umas 3 décadas.

No entanto, façam um esforço máximo para termos uma educação de qualidade. O fato de você não ter tido uma boa educação, não significa que seu filho não mereça. Não tem que ser assim, tem que ser melhor.

F1: Reginaldo, muito obrigado pela participação nessa nossa reportagem especial! Sucesso!

RS: Obrigado vocês pela oportunidade!


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